O atendado de Orlando e a perigosa união entre homofobia e cultura da violência

O atendado de Orlando e a perigosa união entre homofobia e cultura da violência

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No breve comentário abaixo, publicado nas redes sociais, a professora Luciana Boiteux, da Faculdade de Direito da UFRJ, aponta com precisão a fonte de onde emanam atos como o do atirador, de 29 anos, que matou cerca de 50 pessoas e deixou pelo menos 53 feridas, em 12/6/2016, na boate Pulse, em Orlando, Estados Unidos, popular entre o público LGBT.  A polícia invadiu o estabelecimento e o homem, identificado como Omar Siddique Mateen, foi morto em uma troca de tiros. Ainda se apura se ele teria declarado sua lealdade ao Estado Islâmico. Seu pai afirma que o ato foi motivado por homofobia. 

A facilidade para aquisição de armas e a naturalização do discurso homofóbico, muitas vezes com fins políticos e eleitoreiros, mostram-se uma perigosa fórmula para potencializar a violência.

Uma expressão da gravidade do quadro são imagens de americanos apoiando o massacre, com cartazes onde se lê que "Deus mandou o atirador". Veja no fim da página.

Leia abaixo o comentário de Luciana Boiteux:

"O atentado em Orlando ilustra tragicamente a união da homofobia, para além de um discurso intolerante, à cultura da violência e dos assassinatos em massa em um país de fácil acesso a armas. Nem importa se o agressor é mesmo ligado ao tal grupo, o que é preocupante é a sua adesão subjetiva a uma ideologia violenta e covarde, que não respeita o outro como um ser humano digno de viver e que usa da violência como mensagem. Que sirva de alerta para os que, no Brasil, se instrumentalizam por meio do discurso homofóbico para ganhos políticos.

 Que sirva de alerta para os que, no Brasil, se instrumentalizam por meio do discurso homofóbico para ganhos políticos. 

Cada um que repete um discurso homofóbico, racista e violento (pelo amplo acesso a armas inclusive) tem uma parcela da culpa coletiva pelas mortes na boate. O fanático homofóbico armado que apertou o gatilho é apenas um dos responsáveis, talvez o mais vulnerável deles, possivelmente ele próprio vítima de muitas opressões anteriores por sua origem".

Integrantes da Igreja Batista de Westboro celebram o atentado da boate Pulse, em Orlando, EUA: "Deus mandou o atirador"