Análise de pedidos de patentes de medicamentos deve ter anuência prévia da Anvisa, defende relatório da ONU

Análise de pedidos de patentes de medicamentos deve ter anuência prévia da Anvisa, defende relatório da ONU

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Conselho de Direitos Humanos (foto: Nações Unidas)
Conselho de Direitos Humanos: relatório do GT sobre Empresas Transnacionais e Direitos Humanos alertou para os prejuízos ao acesso a medicamentos, sem a garantia de anuência da Anvisa~ (foto: Nações Unidas)

O impacto das patentes no acesso a medicamentos no Brasil foi tema de destaque do relatório que o Grupo de Trabalho sobre Empresas Transnacionais e Direitos Humanos das Nações Unidas divulgou este mês sobre a visita oficial realizada ao Brasil em 2015. De acordo com informações do site do Grupo de Trabalho sobre Propriedade Individual (GTPI), publicadas em 24/6/2016, entre as denúncias de diversos casos de violações de direitos humanos por empresas no Brasil, o relatório alerta para a “necessidade continuada” do mecanismo conhecido como “anuência prévia” da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no que diz respeito a pedidos de patentes para medicamentos no país.

A anuência prévia da Anvisa é o dispositivo previsto por lei que garante a participação do Ministério da Saúde na análise desses pedidos. Segundo os especialistas, a ameaça a esse dispositivo põe em risco o acesso da população a medicamentos. A coordenadora do GTPI, Marcela Vieira, explica que o envolvimento do ministério no exame das patentes diminui as chances de monopólios indevidos e aumenta a possibilidade da produção de genéricos a preços mais acessíveis para o orçamento público e para a população em geral. “A anuência prévia tem sido duramente atacada por grandes empresas e associações farmacêuticas, como a Interfarma. Com o reconhecimento de sua importância pela ONU, é imperativo que tais ameaças sejam combatidas”, diz Marcela.

A anuência prévia tem sido duramente atacada por grandes empresas e associações farmacêuticas, como a Interfarma (Marcela Vieira/GTPI)

O GTPI, coletivo de organizações brasileiras ligadas ao tema da propriedade intelectual e acesso à saúde no Brasil, defende a necessidade de um tratado vinculante que responsabilize empresas por violações de direitos humanos.

O GT sobre Empresas Transnacionais e Direitos Humanos foi criado em 2011, pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e com cinco integrantes voluntários, de Gana, Estados Unidos, Malásia, Chile e Rússia, que atuam em inquéritos e monitoramentos de forma independente do Conselho. A apresentação do relatório foi feita durante a sessão regular do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, em 16/6/2016. O documento tratou também dos impactos às populações da usina de Belo Monte, no Pará, desastre da mineradora Samarco no Rio Doce, Jogos Olímpicos de 2016, direitos dos povos indígenas, a questão dos defensores de direitos humanos no país e direitos trabalhistas.
 

Clique aqui para ler na íntegra o relatório das Nações Unidas , em inglês, sobre o Brasil, em inglês e em espanhol.

Leia a carta que o GTPI entregou ao grupo de especialistas da ONU, durante a apresentação do relatório, destacando a importância do reconhecimento do papel desempenhado pela anuência prévia para garantir o acesso a medicamentos no Brasil e alertando para as violações de empresas farmacêuticas nesse sentido.

Assine a petição online em proteção da anuência prévia da Anvisa.